Eu já tinha ouvido falar muito em Linux, mas nunca tinha utilizado. Em meados de 2014, vi um professor em uma disciplina do doutorado utilizando o Ubuntu e WOW!. É isto que eu preciso!
Estava cansado de “brigar” com o Windows e suas atualizações. Além disso, haviam outros problemas que não vem ao caso. Decidi que logo que entregasse a versão final da minha tese migraria 100% para o Linux.
O começo
Em outubro de 2014 instalei o Ubuntu na única máquina que eu tinha e usava. No início não foi fácil, porque tive que aprender desde o que era um repositório, até como configurar o acesso aos bancos, instalar o jvm
, etc (ainda bem que sou teimoso).
O tempo passou… e no meio do caminho descobri que uma mesma distro poderia ser utilizada com diferentes ambientes gráficos – foi uma festa! Do Unity, testei o XFCE
, LXDE
, etc, e parei no MATE
, que é a interface que mais gosto (leve, simples e prática).
Guia completo para iniciantes de como instalar programas no Linux
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Escolhendo Distribuição Linux
Agora em 2019, após praticamente 5 anos usando o Ubuntu, que por sinal, eu não tenho do que reclamar, decidi trocar a distro. O motivo é pessoal e prefiro não entrar em detalhes para não criar polêmicas e fugir do assunto do post.
Método de escolha
Enquanto estava escolhendo a distribuição Linux, realizei, praticamente, três etapas:
- Li e assisti diversas opiniões em vários sites;
- Elenquei as possíveis opções de distros;
- Relacionei os programas que uso para trabalhar;
- Testei 🙂
As Distribuições candidatas
Os programas que uso
Fiz um resumo para verificar se as distribuições Linux disponibilizam o que eu preciso em seus repositórios (Tabela a seguir):
Categoria | Programa | Distro | ||
---|---|---|---|---|
Debian | Manjaro | OpenSUSE | ||
—————— | —————– | ——– | ——— | ———- |
Editor | Emacs 25 | v | v | v |
Programação | Pyhton | v | v | v |
R | v | v | v | |
Geoprocessamento | QGIS | v | v | v |
GRASS GIS | v | v | v | |
SAGA GIS | v | v | v | |
Outros | Hugo | v | v | v |
Latex | v | v | v | |
Pandoc | v | v | v | |
Dropbox | v | v | v | |
Uso comum | Libre Office | v | v | v |
Gimp | v | v | v | |
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A princípio, não precisaria compilar manualmente nenhum dos programas que uso com mais frequência.
Experiências e resultados
Testei as distros em um laptop HP-DV6000, ano 2008, com as seguintes especificações:
- Processor: Intel Core 2 Duo T7400 (2.16 GHz/4MB L2 Cache)
- Hard Drive: 100 GB
- Screen: 15.4″ WXGA BrightView Widescreen (1280 x 800)
- Graphics: NVIDIA GeForce Go 7400
- RAM: 2GB
Não comparei, cientificamente, o desempenho de cada distro. Apenas fiz a instalação de alguns programas de Geoprocessamento (ver Tabela) que precisava, e de outros de uso geral, como o LibreOffice, Gimp, etc, e executei alguns comandos.
As opiniões são pessoais e de certa forma superficiais, porque entendo que somente com um uso de longo prazo é possível ter uma opinião mais sólida da experiência de uma distro.
1. Debian
A instalação foi tranquila. O detalhe é que foi necessário resolver um problema do firmware proprietário do wireless. Optei pelo ambiente desktop XFCE
, pois é a minha segunda opção (prefiro a MATE
).
O XFCE
rodou suave – se eu ajustasse os atalhos do teclado poderia dizer que ficaria tão a vontade quanto no MATE
. Instalei tudo o que queria com facilidade, me senti como se estivesse usando o Ubuntu (via terminal).
Alguns programas, como já era esperado, estavam numa versão anterior ao que eu uso atualmente, mas nada que inviabilizasse o uso.
2. Manjaro
Entre as distros testadas, sem sombra de dúvidas, esta foi a distro mais fácil de instalar, com tudo muito intuitivo, posso dizer que foi surpreendentemente. Habilitei os softwares proprietários e todo o hardware foi reconhecido. Optei pelo ambiente XFCE
.
Achei quase todos os programas necessários no meu dia a dia. Contudo, aos poucos percebi que nem tudo eram flores. Alguns programas de geoprocessamento precisariam de alguns ajustes para rodar da forma que eu queria.
Todavia estava animado e resolvi instalar o warsaw
, para acessar bancos (bb, CEF), que não estava disponível via pacman
, e foi aí que eu percebi que a comunidade é participativa e ativa. Após uma breve pesquisa a solução foi encontrada AQUI. Com alguns comandos, o warsaw
ficou habilitado e funcionando corretamente.
Fiquei impressionado com a facilidade e rapidez na instalação. A máquina parece nova (apesar de ser bem antiga), com um XFCE
muito bem ajustado.
3. OpenSuse
Gostei da interface de instalação, é clean e muito prática. Inclusive achei melhor que a do Ubuntu e do Debian. Na instalação, duas opções de ambientes gráficos foram disponibilizadas, KDE
e GNOME
. Como o GNOME, eu acho que consome mais memória do que deveria. Optei pela KDE
.
O KDE
é realmente muito bonito, com efeitos pensados cuidadosamente para ser ‘clean’, ou seja, para mim na medida certa. Todavia, eu ainda prefiro o MATE
e o XFCE
.
O YAST
é muito prático, sem dúvida um recurso que faz diferença nesta distro. A “loja” de aplicativos funciona bem, assim como as instalações via WEB. Dos programas que uso, praticamente todos estavam com versões relativamente atualizadas.
Como diferença, destaco o sistema de arquivos que é Btrfs
(B-tree file system). As demais distros usam Ext4
. Na prática, não sei se para um usuário desktop haverá diferença significativa, mas vale chamar atenção para este detalhe.
Dentre diversos sistemas de arquivos Linux existentes, qual eu devo usar?
O veredito
Como achei todas as distros, no mínimo, interessantes. Para tomada de decisão tentei entender o porquê de não usar uma determinada distro. Deixo bem claro que são explicações baseadas em situações diárias, e do meu conhecimento atual (que é básico).
Por que não escolhi o Manjaro:
Falta dos pacotes .deb
ou .rpm
, como trabalho com pessoas que não tem interesse em se aprofundar em instalação de pacotes, compilação, etc, torna-se interessantes para mim a disponibilização de um pacote deb
ou rpm
. Outra observação é que o Manjaro é rolling release – e deixo claro que eu não tenho nada contra – contudo não posso arriscar os prazos por ter que instalar um novo um sistema operacional, caso a nova versão do Manjaro não ofereça o que eu uso diariamente ou tenha algum erro (que pelo pesquisei a correção é disponibilizada rapidamente). Como no próprio site do Manjaro está descrito (confira aqui):
Manjaro is is a user-friendly and open-source Linux distribution. It provides all the benefits of cutting edge software combined with a focus on user-friendliness and accessibility.
5 bons motivos para você começar usar o Manjaro
Por que não escolhi o OpenSUSE:
Em suma, estava convencido em usar o OpenSUSE, um KDE
funcional, o Yast
prometendo ser uma mão na roda, e uma empresa prometendo a mesma qualidade da versão paga. Todavia me deparei com o sistema de arquivos utilizado pelo OpenSUSE, o tal do Btrfs
. Li um pouco sobre o assunto para entender, e não me senti a vontade para usar. Apesar de ser possível utilizar o Ext4
, gosto de usar o que o padrão oferece. Por isto optei em não usar o OpenSUSE
. Outro detalhe é que no momento da instalação é fornecido como ambiente gráfico o GNOME
e o KDE
, considero ambos ótimos, mas na falta do MATE
, prefiro o XFCE
.
7 bons motivos para você começar a usar o OpenSUSE
Por que escolhi o Debian:
Como nota-se, por fim optei pelo Debian. No momento, para as minhas condições, é o que oferece estabilidade a longo prazo. Posso partilhar pacotes .DEB
, e além disso oferece o XFCE
e EXT4
, por padrão.
5 bons motivos para você começar usar o Debian
Considerações finais
No futuro, se surgir a necessidade de trocar a distro, desde que a ideologia de cada distro permaneça a mesma, tenho intenção de usar o Manjaro. Por que? A resposta é simplicidade. Por exemplo, verifiquei o número de serviços ativos no seu sistema:
Saiba como melhorar o tempo de inicialização no Linux
Neste site AQUI há um relato sobre a troca do Ubuntu pelo Manjaro.
Saudações!
@rafatieppo, saiba mais sobre o autor e seus projetos AQUI.
Work free, Be LINUX.