Para mim, tem duas coisas que são incômodas no mundo do pinguim: distro “personalizada” – a famosa “refisefuqui” – e revistas sobre nossa distro “preferida”. Não adianta tentar: não há e nunca houve público suficiente que fizesse uma publicação ter saúde financeira.
E para não dizer que minto, leiam abaixo uma pequena resenha das melhores em português. Duraram um tempo, mas não sumiram das mentes de quem comprou. Hoje são artigos colecionáveis.
Revistas Linux em português
Minha primeira distro foi a versão comercial do Corel LinuxOS, criado em 1999 e baseado no Debian. Nem lembro se vinha com um manual, mas o suporte técnico era via cartão resposta em inglês numa caixa postal no aeroporto do galeão, Rio de Janeiro…
Buscar conteúdo na internet somente depois da meia noite ou finais de semana, com pulso único. Publicações impressas em português simplesmente inexistiam e importar em outros idiomas era complicado.
A coisa mudou com o Conectiva Linux, distro comercial criada para fornecer aos governos federal, estadual e municipal um sistema operacional livre a preço muito mais baixo que os da microsoft.
1. Revista do linux
Tinha conteúdo que permitia dar uso ao conectiva linux no desktop. Artigos interessantíssimos, que nos permitia tirar leite de pedra, por exemplo, com o suporte a mp3, vídeos ou mesmo uma simples edição de imagem com o novíssimo gimp.
Mas tudo que é bom dura pouco. O conectiva linux não deslanchou, a empresa foi vendida para a Mandrake e a revista já não fazia mais sentido, acabando melancolicamente.
Mageia 7, antigo Linux Mandriva, é lançado com diversas novidades
2. PC Master
Foi uma revista produzida pela Editora Europa, abrangendo o imbatível windows e dava uma palhinha pro nosso querido isfenicídio, com tutoriais para iniciantes, médio e avançado.
Cada número tinha uma distro num cd-r, e foi ela que espalhou o kurumin pelo Brasil. Baixar na internet era pro final de semana inteiro, quando ninguém mais usava o telefone.
Foi a pioneira em lançar um número 100% com linux, após os editores avaliarem que a sua adoção estava para estourar a qualquer momento. Óbvio que encalhou e certo tempo depois a revista fechou as portas. A concorrência tornara-se forte e a empresa investiu em outros nichos.
3. Linux Magazine
A Linux Magazine foi a mais bem pensada e trabalhada revista publicada em português, com aquele papo cabeça para desenvolvedores, servidores, segurança, programação, corporate etc e tal.
Os artigos eram de excelente qualidade. Os temas, bem discutidos. Era a versão tupiniquim da famosa congênere em inglês.
E para os reles mortais na face da terra, publicava também a Easy Linux, bizuzando o be-a-bá do be-a-bá, como fazia-se na da conectiva.
Mas tudo que é bom é caro de manter, estas não foram exceção. Apenas a Linux Magazine prosseguiu com edição online, mas teve o mesmo fim.
A Easy Linux mudou de nome para Ubuntu User, focando na distro da Canonical, que se destacava a olhos vistos. Com tiragem irregular, também deu em nada.
A linux newmedia no brasil foi vendida, o site abandonado e nunca se deu satisfação a ninguém. Muito assinante teve prejuízo e ficou uma lembrança ruim.
Linux Journal – a queda mais recente
Segundo anúncio oficial, assinado pelo editor-chefe Kyle Rankin, a holding responsável pela publicação da revista já não conta com mais nenhum fundo para continuar as operações. Toda a equipe foi demitida dia 7 e a revista parou seu funcionamento completamente, pela segunda vez de já ter tentado se erguer no passado. O site deve permanecer no ar por algum tempo, “para fins de arquivamento”, segundo anuncia o editor.
Outras revistas Linux
Existiram outras revistas Linux que não foram impressos em papel, e circulavam em pdf. Mas o tempo também as levou. Os pontos comuns entre estas são trabalho não remunerado, complexidade e a concorrência da web.
Hoje já não compensa imprimir revista, sem aporte financeiro profissional e um nicho que sustente o projeto, seja qual for. Com a grande imprensa agonizando de morte, com leitores migrando para a web, resta-nos o consolo de não sermos os únicos.
Quem viver, verá!